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Prepare sucessores para garantir a sobrevivência dos seus negócios

Empresários devem definir e colocar em prática um plano de sucessão para os principais cargos das suas empresas

Além de lidar diariamente com a concorrência, clientes e fornecedores e eventuais problemas que podem interferir no crescimento dos negócios, todo empresário precisa encarar outro tema que mesmo sendo considerado tabu não pode ser colocado de lado: a sucessão. E não só a própria como também a de outras funções chave na empresa. “Há muitas empresas dependentes do dono e ele mesmo acaba gerando um risco operacional para o seu negócio”, diz Marcos Assi, professor do MBA de Gestão de Riscos da Trevisan Escola de Negócios. Não são poucas as empresas que são pegas de surpresa quando o fundador falece ou quando um diretor responsável por um projeto importante pede demissão. “Essas perdas devem ser uma preocupação geral e fazer parte do plano de continuidade de negócios de uma organização”, explica Assi. Uma das recomendações para esses casos é identificar quais são as pessoas e áreas chaves na empresa e estabelecer uma espécie de plano de “back up”, elegendo funcionários que possam assumir esses cargos caso o titular fique impossibilitado, independentemente da causa. É esse o projeto que a Swissport, da área de serviços para aviação, tem pela frente. O presidente da empresa, Francisco Gonçalves, afirmou que o objetivo é identificar, até o dia 31 de outubro, sucessores para todos os cargos de diretoria e gerência de unidades. Esses funcionários passarão por um mapeamento das competências e, a partir do ano que vem, começam a ser treinados para obter a qualificação necessária. Na próxima fase, a empresa irá identificar quais são os potenciais substitutos no segundo nível de sucessão, que engloba os supervisores e coordenadores. Gonçalves explica que essa prática será adotada em todas as unidades da Swissport pelo mundo, mas que a necessidade é maior no Brasil pela falta de mão de obra especializada. “Saímos na frente porque a nossa necessidade é maior. Não conseguimos crescer por falta de profissionais qualificados disponíveis na área de aviação”, conta.

 

Esse processo deve ser feito com antecedência porque nem sempre é fácil encontrar um substituto. O fundador da Lojas Colombo, Adelino Colombo, de 81 anos, já ensaiou sua aposentadoria, mas com os herdeiros desinteressados em assumir o negócio e com dificuldade em achar o profissional adequado para a função, o plano tem sido adiado. Em entrevista ao BRASIL ECONÔMICO no ano passado — logo após um dos executivos contratados para sucedê-lo deixar a empresa —, afirmou que a solução seria “dar um tempo no assunto e continuar tocando a empresa sozinho”. A reportagem falou com o fundador da varejista ontem, mas ele não estava disponível para dar entrevista até o fechamento da edição. O diretor da Mesa Corporate, Luiz Marcatti, lembra que um plano de sucessão deve fazer parte do mapeamento de riscos da empresa e cita o caso da Vilma Alimentos, em que o fundador e presidente da empresa, Domingos Costa, morreu em um acidente de avião no último final de semana, junto com um filho adolescente e outros três executivos da empresa. “Como uma empresa se prepara para essa situação?”, questiona o consultor em governança corporativa, lembrando que é pouco utilizada no Brasil, em especial entre as de menor porte, a prática preventiva de executivos ou sócios não viajarem juntos. Marcatti lembra que quando o plano de sucessão não está claro e documentado, pode haver conflitos societários e administrativos que irão influenciar no desempenho dos negócios da empresa. O mesmo vale para as demais funções chave. “Se isso não for preparado, corre o risco de a empresa recorrer a alternativas externas e além de ter que pagar um preço alto, pode não encontrar o profissional.”

A falta de planejamento pode inclusive mudar os planos de aposentadoria de um empresário, como foi o caso de Bruno Caltabiano, morto em 2009. Ele já estava afastado das concessionárias Caltabiano desde 2000 e o negócio era comandado pelos filhos João e Pedro. No entanto, ambos morreram no acidente do voo 3054 da TAM, em julho de 2007. Sem sucessor na empresa, o fundador teve que de reassumir os negócios. “Esse foi um caso emblemático de falta de gestão de riscos", diz o professor de gestão de riscos do Insper (antigo Ibmec-SP), Daniel Motta. Outras variáveis apontadas pelo professor como importantes na gestão de riscos de uma empresa são a disponibilidade de caixa e a garantia, por contrato, de fornecimento aos clientes pelo prazo o mais longo possível, evitando sustos na gestão de caixa da empresa. ¦