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Inadimplência nas empresas cresce pelo sexto mês

Índice é puxado pelo endividamento dos consumidores, pelo aumento dos juros e por medidas de restrição ao crédito

 

 O aumento do endividamento do consumidor começa a atingir o caixa das empresas. Em alta pelo sexto mês consecutivo, o Indicador Serasa Experian de Perspectiva da Inadimplência das Empresas cresceu 2,1% em abril em relação a março, segundo nota divulgada pela instituição nesta quarta-feira. A expectativa é que, a exemplo do que vem ocorrendo com o consumidor, o endividamento das empresas também deve entrar em um ciclo de elevação nos próximos meses. Dados da Serasa mostram que a inadimplência dos consumidores cresceu 21,7% em relação ao ano passado.

“Quem financia a maior parte das dívidas dos consumidores é a própria empresa, com cheque pré-datado ou crédito direto, por exemplo. Esse aumento da inadimplência entre os clientes leva ainda a uma retração do consumo, isso impacta profundamente o caixa das empresas, que já não contam com muito capital de giro”, analisa o gerente de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae, Paulo Alvim.

Juros elevados

Outro fator que está diminuindo o otimismo das empresas são os juros elevados e as medidas de restrição de crédito, que começaram a ser implementadas nos últimos meses para conter a inflação, segundo o gerente de Indicadores de Mercado da Serasa, Luiz Rabi. A taxa Selic, indicador fixado pelo Banco Central que baliza as taxas de juros cobradas pelos bancos, subiu muito nos últimos meses: passou de 9,4% em abril de 2010 para 11,92% um ano depois. “O custo financeiro está aumentando e está havendo um processo de desaquecimento da economia. Além do impacto da inadimplência do consumidor, claro. Este é o ciclo da inadimplência: primeiro o consumidor, e depois as empresas”, afirma.

O indicador Serasa Experian de Perspectiva da Inadimplência das Empresas, que leva em consideração as expectativas para os próximos seis meses, reúne dezenas de variáveis e antecede as estatísticas de inadimplência divulgadas pelo Banco Central. A metodologia utiliza como parâmetro o nível 100: índices abaixo de 100 são bons para a economia, mas, acima de 100 indicam que a inadimplência está em grau crítico.

O preocupante neste momento, segundo Rabi, é que a taxa está se aproximando da linha divisória. O índice subiu pela sexta vez consecutiva e atingiu 97,4, valor já dessazonalizado. Desde março do ano passado, o país não ultrapassa a margem, mas pode passar para o lado crítico nos próximos meses, se o indicador de endividamento mantiver o ritmo de crescimento, alerta. “Os juros cada vez mais elevados, dado o aperto monetário em vigor, manterão pressões sobre o custo financeiro das empresas num ambiente de maior desaquecimetno econômico, especialmente durante o segundo semestre deste ano”, diz a nota da Serasa.