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Inflação oficial tem o pior mês de abril em cinco anos

Apesar da desaceleração nos reajustes em relação a março, alimentos continuam com "alta generalizada", por problemas climáticos.

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se acelerou da alta de 0,52% em março para alta de 0,57% em abril, anunciou hoje, 7,  o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representou a maior alta no índice para meses de abril desde 2005, quando a taxa foi de 0,87%. Já a inflação do setor de alimentos foi de 1,45%, a maior alta para meses de abril desde 2001. Mas, em março havia subido 1,55%.

Segundo a coordenadora de índices de preços do instituto, Eulina Nunes dos Santos, apesar da desaceleração nos reajustes em relação a março (1,55%), os alimentos continuam com "alta generalizada", provocada sobretudo por efeitos dos problemas climáticos nas lavouras. O principal impacto de alta nesse grupo foi dado pelo leite pasteurizado, que subiu 7,43% e representou a maior contribuição individual (0,08 ponto porcentual) para o IPCA do mês (0,57%).

De janeiro a abril, os alimentos acumulam alta de 5,19%, um índice bem superior ao do primeiro quadrimestre do ano passado (1,47%). De acordo com Eulina, a maior parte dos alimentos acelerou os reajustes de março para abril. A desaceleração ficou concentrada em poucos produtos, como tomate, leite e açúcar.

Em abril, o grupo de preços dos produtos não alimentícios aumentou 0,31% em abril, ante 0,22% em março, impulsionado sobretudo pelos reajustes dos remédios (4,6%), automóvel (1,04%) e vestuário (1,28%).

Para maio, principal impacto de alta já conhecido para o IPCA é o reajuste da energia elétrica em algumas regiões, segundo Eulina. O índice vai incorporar os reajustes em Fortaleza e Salvador, além da cobrança da taxa de iluminação pública no Rio de Janeiro. Eulina espera também uma continuidade da captação de reajustes nos remédios. No caso dos produtos alimentícios, ela argumentou que não é possível prever se haverá continuidade ou não da "alta generalizada" de preços que ocorreu nesse grupo em abril. 

Desaceleração

 

O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, aguarda uma taxa um pouco menor para o índice em maio. Ele destacou que a estimativa um pouco mais otimista, de uma taxa entre 0,45% e 0,5%, está amparada numa provável continuidade no processo lento de altas menores do grupo de preços do setor de alimentação e também numa desaceleração nas variações positivas dos dois outros grupos vilões do indicador no mês passado: Saúde e Vestuário.

"Apesar de ter desacelerado um pouco, há a continuidade de um peso muito elevado no índice da alta do grupo alimentação e houve também os impactos naturais do período, por conta dos grupos Vestuário e Saúde", justificou o economista, citando os grupos que tiveram aumentos de 1,45%, 1,28% e 0,84%, respectivamente, no mês passado. "Para maio, essas pressões maiores da Alimentação tendem a perder o fôlego", destacou.

Núcleos 

O economista da Rosenberg & Associados Felipe Insunza alertou que os indicadores de núcleos de inflação a partir do IPCA de abril voltaram a apresentar variações acima do patamar mensal condizente com cumprimento da meta inflacionária, de 4,50%, para este ano. Insunza fez a desagregação do IPCA do mês passado em indicadores de núcleos, preços livres e administrados e Índice de Difusão.

O melhor exemplo de que os indicadores do núcleo do IPCA oscilam acima da meta mensalizada é o núcleo por médias aparadas com suavização (IPCA-MS), que saiu de uma taxa de 0,46% em março para 0,50%.

De acordo com Insunza, se anualizada, esta medida de núcleo desembocaria em uma inflação de 6% no encerramento de 2010, o que significa dizer que o IPCA, teoricamente, fecharia o ano em curso superando a meta de inflação em 1,5 ponto porcentual.

INPC

O IBGE divulgou também que o INPC, que mede a inflação para a camada de renda mais baixa da população, subiu 0,73% em abril, ante 0,71% em março. No ano, o INPC acumula alta de 3,05% e em 12 meses, de 5,49%. O INPC se refere às famílias com rendimento de um a seis salários mínimos, enquanto o IPCA refere-se às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos